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segunda-feira, setembro 08, 2008

Bárbara de Sousa - Violeta de Parma



Sou um vegeto das ruínas. o meu ser
sente o mastigar de cada hora
por entre o céu descoberto.o anoitecer

Vermes rastejam
fogem de mim com asco. bebo o absinto
das lápides murmurantes
dos ciprestes que tornam em silêncio
o lirismo impuro. os sentimentos tépidos
de cada segundo...

Sou filha dum tédio, duma dor qualquer
por entre sonhos horrivelmente histéricos
jardins fastasmagóricos...
e obsessões...
Onde os resquicíos de minh'alma
evaporam como fumaça
e nos meus lábios aflora a tísica
roxa e inefável melancolia...

Sou transparência de morte, magreza hirta.
por entre a palidez clorótica,
desta noite de afronta e solidão
e nos conventos abandonados de minh'alma
sou brilho cru, agudo e febril
sugando os cansaços mornos de uma vida
leve bater de asas de cotovia...

Sobre o vazio, sobre o nada
sou desdenhosa ilusão da eternidade
minha boca acidentada
por entre os dedos esticados
e manchas de realidade.

Sou corpo cadavérico
deixado ao acaso
Sou gravação vaporosa
violeta de Parma
flor dolente e venenosa
Já sinto emurchecer na alma
as pétalas de um sonho...

já eu não sou! ...na cova escura...
já eu não sou!...defunta


(Segundo a autora, este poema bebe das palavras de José Duro, mais especificamente do seu poema "Doente", uma longa confissão de amargura e desespero de um jovem a beira da morte.)



Bárbara de Sousa (Poetisa portuguesa que publica neste blog, 1987- )


Breve Biografia pela mão da Autora

Rafaela Bárbara Faria de Sousa, 21 anos , estudante finalista de Arte e Multimédia na Uma (Universidade da Madeira).Frequentou O Conservatório Escola das Artes onde cultivou o gosto pela música, e pelo seu principal instrumento: Clarinete. A poesia aparece como uma espécie de chamamento na sua vida, sendo a sua área de interesses a Pintura.