domingo, outubro 15, 2006

Miguel Torga - Guerra Civil




Guerra Civil




É contra mim que luto.
Não tenho outro inimigo.
O que penso,
O que sinto,
O que digo
E o que faço,
É que pede castigo
E desespera a lança no meu braço.

Absurda aliança
De criança
E adulto,
O que sou é um insulto
Ao que não sou;
E combato esse vulto
Que à traição me invadiu e me ocupou.

Infeliz com loucura e sem loucura,
Peço à vida outra vida, outra aventura,
Outro incerto destino.
Não me dou por vencido,
Nem convencido.
E agrido em mim o homem e o menino.



Miguel Torga (Escritor e poeta português, 1907-1995)


Foto: To kill the imageElena, by Vasilieva

2 comentários:

Anónimo disse...

E sigo sofrendo, pensando, e onde está a vida que procuro o sonho que me acorda constantemente e a mágoa profunda de viver inocente.

Um comentário apenas mas acredite Susana, ainda sei o que me falta, obrigado pelas escolhas...considere nossas.

Anónimo disse...

preciso de fazer a analise deste poema ajudam me?