domingo, fevereiro 04, 2007

Florbela Espanca - Nihil novum



Foto: Marcas, de Carla Salgueiro



Na penumbra do pórtico encantado
De Bruges, noutras eras, já vivi;
Vi os templos do Egipto com Loti;
Lancei flores, na Índia, ao rio sagrado.

No horizonte de bruma opalizado,
Frente ao Bósforo errei, pensando em ti!
O silêncio dos claustros conheci
Pelos poentes de nácar e brocado...

Mordi as rosas brancas de Ispaã
E o gosto a cinza em todas era igual!
Sempre a charneca bárbara e deserta,

Triste, a florir, numa ansiedade vã!
Sempre da vida? o mesmo estranho mal,
E o coração? a mesma chaga aberta!



Florbela Espanca (Poetisa portuguesa, 1894-1930)

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