Ilka Brunhilde Laurito - Comunhão
Já que me sinto muito digna
de me assentar à tua mesa,
não quero migalhas, não,
eu quero o pão inteiro.
Tu e eu, massa e fermento
em ávido silêncio:
casca e miolo,
o bolo
e o seu recheio
Vem.
Estende os lençóis sobre esta
mesa
com cheiro de suor e de
alfazema.
E vamos trabalhar a noite
e o seu levedo
com as mãos,
a boca,
o corpo aceso,
para que a aurora nos en-
tregue,
ainda quentes,
as últimas fatias de amor
amanhecente
com gosto de café, de leite
e de manteiga.
Ilka Brunhilde Laurito (Poetisa brasileira, 1925- )
1 comentário:
Que lido poema ...gráfico!
A autora fala em pão, Queria o pão... o bolo cujo recheio seria ela... Eu sou o pau e desejo recheio...
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