domingo, julho 08, 2007

Antero de Quental - Idílio



Quando nós vamos ambos, de mãos dadas,
Colher nos vales lírios e boninas,
E galgamos de um fôlego as colinas
Do rocio da noite inda orvalhadas;

Ou vendo o mar, das ermas cumeadas,
Contemplamos as nuvens vespertinas,
Que parecem fantásticas ruínas
Ao longe no horizonte amontoadas;

Quantas vezes, de súbito, emudeces!
Não sei que luz no teu olhar flutua;
Sinto tremer-te a mão, e empalideces...

O vento e o mar murmuram orações
E a poesia das cousas se insinua
Lenta e amorosa em nossos corações.



Antero de Quental (Poeta português. Ponta Delgada, 1842-1891)

1 comentário:

Princesa disse...

Encontrei este poema pela primeira vez na canção Idílio, de Freitas Branco. Palavras e música. Ambas muito bonitas.