domingo, julho 15, 2007

Renato Macedo - Finis



Quando vier meu dia derradeiro,
Mulher, não chores nem me ponhas flores!
Faz da mortalha um fato de marinheiro,
E do caixão um barco a vapor(es).

Deita-o ao mar por entre o nevoeiro,
Sem bússola, leme e para-lhe os motores,
Deixa que as ondas façam o roteiro
E que aos baldões encalhe nos Açores.

Bela sereia, alçando pela proa,
Amarrará o barco à revelia
Com linha ao cepo a ré duma canoa

A sirene ecoará pela baía
E, ao luar, marrecas e ganhoa(s)
Me zurzirão c'o hino da alegria.



Renato Macedo (Poeta português)

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