terça-feira, fevereiro 12, 2008

Albano Martins - Espaço disponível



Deito-me no teu corpo
como se fosses
a minha última cama
no meu quarto de hóspede dos dias.
Deito-me e velo
a criança lúcida
que dorme reclinada
na orla marítima do silêncio.
Ali onde o tempo
se anula e renova
na substância palpável
dum gesto ou dum olhar
colhidos sobre a água
construo a minha casa,
habito o espaço inteiro
disponível para a vida,
necessário para a morte.




Albano Martins (Poeta português)

1 comentário:

Memória transparente disse...

Um espaço disponivel, um repouso poético.

Bonito.


Boa semana.