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sexta-feira, dezembro 21, 2007

Pablo Neruda - Os teus pés



Foto: Marruecos, de Tiavir



Quando não te posso contemplar
Contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,
Teus pequenos pés duros,

Eu sei que te sustentam
E que teu doce peso
Sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
A duplicada purpura
Dos teus mamilos,
A caixa dos teus olhos
Que há pouco levantaram voo,
A larga boca de fruta,
Tua rubra cabeleira,
Pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
É só porque andaram
Sobre a terra e sobre
O vento e sobre a água,
Até me encontrarem.



Pablo Neruda (Poeta Chileno, 1904-1973)

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Pablo Neruda - O Oleiro



Há em todo o teu corpo
uma taça ou doçura a mim destinada.

Quando levanto a mão
encontro em cada lugar uma pomba
que andava à minha procura, como
se te houvessem, meu amor, feito de argila
para as minhas mãos de oleiro.

Os teus joelhos, os teus seios,
a tua cintura,
faltam em mim como no côncavo
duma terra sedenta
a que retiraram
uma forma,
e, juntos,
estamos completos como um só rio,
como um só areal.



Pablo Neruda (Poeta Chileno, 1904-1973)

domingo, setembro 23, 2007

Jorge Carrasco - Poema de amor nocturno



Foto: Fernanda Fronza



Pero contágiate de mí, prueba mis jugosas flechas,
pon mi pátina de oro trémulo en tus riberas,
tus malezas ábreme para hallar el tibio nido:
busco tu sótano para morir en la sombra que supura.
Elige, amada, mi estocada final, di adiós a tu vida
en tres minutos, muere, muere de una vez
bajo mi hirviente cauce, sobre el olvido
de quien es en este segundo un inmenso latido de guitarra.
Vamos, pues, prepara el suspiro, el aullido
que te salva del ahogo inmemorial, el aleteo
ondulante que hiere todos los aires, todas las formas,
todo lo que cae en el temblor y no regresa.
Vamos, escúdate en tu lengua, en la tos rauda
de las sabandijas escapadas de tus miembros:
aquí va un suspiro crispado con miles de espadas
de mi centro altivo a tu centro suplicante.




Jorge Carrasco (Poeta e escritor Chileno)

Gabriela Mistral - Dame la mano



A Tasso de Silveira



Dame la mano y danzaremos;
Dame la mano y me amarás.
Como una sola flor seremos,
Como una flor, y nada más…

El mismo verso cantaremos,
Al mismo paso bailarás.
Como una espiga ondularemos,
Como una espiga y nada más.

Te llamas Rosa y yo Esperanza;
Pero tu nombre olvidarás,
Porque seremos una danza
En la colina y nada más…




Gabriela Mistral (Poetisa, escritora, professora Chilena, 1889-1957)

Biografia de Gabriela Mistral

domingo, fevereiro 11, 2007

Pablo Neruda - Teu riso



Foto de António Brito



Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.



Pablo Neruda (Poeta Chileno, 1904-1973)

domingo, outubro 08, 2006

Pablo Neruda - Não te quero senão porque te quero




Não te quero senão porque te quero




Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.




Pablo Neruda (Poeta Chileno, 1904-1973)


Foto: Blood and Fire, by Brunox

domingo, julho 16, 2006

P. Neruda - Tu eras também uma pequena folha










Foto: Leave study dunday by Jon Fobes


Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.


Pablo Neruda

domingo, julho 09, 2006

P. Neruda - Que quer dizer para sempre?
















Quanto vive o homem, por fim?
Vive mil anos ou um só?
Vive uma semana ou vários séculos?
Por quanto tempo morre o homem?
Que quer dizer para sempre?



Pablo Neruda



Foto: Autor desconhecido.


P.S. Agradeço a contribuição da Carla. Este já conhecia, mas vale sempre a pena recordar. Mandem mais.